sábado, 10 de dezembro de 2011

A tristeza do palhaço

Chega o palhaço no circo sem saber fazer rir

Coitado, mal sabe que é palhaço

Passou a vida engolindo espadas, quiçá faquir?

Lutando consigo mesmo querendo espaço,

chupando prego, enxugando gelo, levando ferro

Desistir?

Que nada, por sempre adorar mulher barbada se travestiu

Foi tentar a sorte usando outra capa

Mas como tudo que é feito por desespero faliu

Fingindo ser o que não era a vida lhe deu mais um tapa

Ganhou a juba e perdeu a vergonha, sem saber que era em vão

De mulher barbada enfim inventou-se leão

Quanto mais rugia mais fome sentia

tentando arrancar o braço de quem lhe estendia a mão

Sob a pele felina o de sempre havia, fraqueza e solidão

Há certo sadismo ao estralar do chicote, dor para chamar atenção

Chamuscado pelos aros flamejantes da vida e ciente que a vida tomba

Olhou para os lados, ninguém a notar, formou-se monga

No país dos pijamas e das bananas que mal nisso há?

O planeta é dos macacos e agora atira fezes na platéia

É natural o mundo animal e todo mundo se assusta

De um jeito ou de outro precisa provar que sua mente é astuta

Monga, chinpanzé, king kong iria até hong kong pagando mico

Mas no baralho do circo os valetes são contados, cartas ao vento

Não podia ser anão pois as pessoas não podem o ver por dentro

Equilibrista jamais, nunca nem andou no meio fio

Ao arremassar facas quase sempre atingia o próprio pé

Eis que um dia alguém a revelia lhe pede não perder a fé

Puxa-o do globo da morte e lhe mostra com um espelho quem o é

Coitado, mal sabia que era palhaço

coitado...faz-me rir

A sorte da Fragata

Quando joga-se a poita em abismos discrepantes
Pode o capitão simplesmente esquecer?
Arpoado e ferido pelo olhar horizonte
Em seu matiz esmeralda afogar-se e morrer?

E mesmo morto esquecido e decomposto
Seria imoral marolar as palavras quando
O mar junta-se a costa mesmo imposto
E de suas costas o vento nunca ter palatado o gosto?

Creio que não, ode, mote tudo a mão
Memórias idas e vindas do cais
Muito mais partidas, partido o coração
Do qual a espera em Marina jamais

Sorte tem a fragata que rompe a bruma
E madeixas douradas de sol respira
As penas do vôo causam inveja
Às penas do capitão de versos e piras

E mesmo a queimar cadáveres etéreos
Frutos de mortes por amor
Há beleza até no remorso seco
De nunca ter lhe mostrado ardor