Chega o palhaço no circo sem saber fazer rir
Coitado, mal sabe que é palhaço
Passou a vida engolindo espadas, quiçá faquir?
Lutando consigo mesmo querendo espaço,
chupando prego, enxugando gelo, levando ferro
Desistir?
Que nada, por sempre adorar mulher barbada se travestiu
Foi tentar a sorte usando outra capa
Mas como tudo que é feito por desespero faliu
Fingindo ser o que não era a vida lhe deu mais um tapa
Ganhou a juba e perdeu a vergonha, sem saber que era em vão
De mulher barbada enfim inventou-se leão
Quanto mais rugia mais fome sentia
tentando arrancar o braço de quem lhe estendia a mão
Sob a pele felina o de sempre havia, fraqueza e solidão
Há certo sadismo ao estralar do chicote, dor para chamar atenção
Chamuscado pelos aros flamejantes da vida e ciente que a vida tomba
Olhou para os lados, ninguém a notar, formou-se monga
No país dos pijamas e das bananas que mal nisso há?
O planeta é dos macacos e agora atira fezes na platéia
É natural o mundo animal e todo mundo se assusta
De um jeito ou de outro precisa provar que sua mente é astuta
Monga, chinpanzé, king kong iria até hong kong pagando mico
Mas no baralho do circo os valetes são contados, cartas ao vento
Não podia ser anão pois as pessoas não podem o ver por dentro
Equilibrista jamais, nunca nem andou no meio fio
Ao arremassar facas quase sempre atingia o próprio pé
Eis que um dia alguém a revelia lhe pede não perder a fé
Puxa-o do globo da morte e lhe mostra com um espelho quem o é
Coitado, mal sabia que era palhaço
coitado...faz-me rir
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